Para falar de Drácula, o verdadeiro, vamos saber um pouco sobre o seu passado, principalmente sobre seu pai, Vlad Dracul. O verdadeiro Drácula, era um príncipe que viveu na Valáquia, chamado Vlad Draculea. Ele nasceu por volta do ano de 1431, na Transilvânia, na cidade de Sighisoara, Romênia (Schassburg, em alemão). Esta cidade está localizada a cerca de 40 quilômetros ao sul de Bistrita. A casa em que ele morou é identificada por uma placa, que identifica que seu pai, Dracul, morou ali de 1431 a 1435.
A mãe de Drácula, princesa Cneajna, da dinastia Musatin da Moldávia (cidade vizinha), criou o jovem Drácula com o auxílio de suas damas de companhia, dentro de casa. O pai de Drácula tinha uma amante de nome Caltuna, que teve um filho também chamado Vlad. Esta mulher, posteriormente ingressou num mosteiro, onde adotou o nome de Eupráxia. Este irmão de Vlad, ficou conhecido mais tarde como VLAD, O MONGE, por ter seguido a carreira religiosa. Naquela época, todos os filhos de um rei eram considerados legítimos, independente da mulher que os tinha.
Agora vejamos um pouco sobre o pai de Vlad, Vlad Dracul.
Vlad exercia sua autoridade sobre todas as cidades alemãs da região e defendia a Transilvânia de ataques dos turcos. Tal autoridade era recebida do sacro imperador romano Sigismundo de Luxemburgo (educado em Nuremberg por monges católicos). A sua influência política tornou-se mais forte quando em 1431, lançou sua investida como Príncipe da Valáquia e entrou para a Ordem do Dragão, uma fraternidade secreta militar e religiosa, cujo objetivo era proteger a igreja católica contra heresias, criada pelo imperador Sigismundo e sua segunda esposa, Bárbara Von Cilli. Outro objetivo da Ordem, era organizar uma cruzada contra os turcos, que haviam invadido a Península dos Balcãs.
Porém, em um certo período, o lado político de Vlad, percebeu que toda a política estava pendendo para o lado do sultão turco Murad II. Sendo assim, traiçoeiramente, assinou um acordo com o sultão turco, contra aqueles ao lado de quem havia lutado: Sigismundo e todos os seus sucessores. Várias vezes, Vlad acompanhou o sultão em ataques por toda a Transilvânia, contra os seus compatriotas transilvanos.
O sultão, sempre desconfiado, armou uma emboscada para Vlad e seus filhos. Vlad foi preso, acusado de deslealdade. Para salvar seu pescoço, o que fez? Deixou na cidade turca como reféns, seus dois filhos: Vlad e Radu. Isso ocorreu em 1442. Os dois meninos ficaram sob prisão domiciliar no palácio do sultão.
Aí é que podemos falar mais sobre Drácula.
Esses anos de cativeiro, foram fundamentais na formação do seu caráter. Drácula passou a desprezar a vida e ter uma baixa estima pela natureza humana. Sabendo que ao menor deslize de seu pai, sua vida lhe seria simplesmente tirada, Drácula aprendeu cedo que em política a moral é algo totalmente inútil. Aprendeu a língua Turca (a qual sabia como um nativo) e foi aproximado dos prazeres do harém do sultão (já que seu cativeiro não era algo tão restrito assim). Porém, é relatado pelos seus captores que desenvolveu uma reputação de trapaceiro e ardiloso, insubordinando e bruto, inspirando medo aos seus próprios guardas.
Em seu interior, Vlad gravou dois pontos importantes, que se tornaram linhas a serem sempre seguidas: Nunca confiar em homem nenhum novamente e a sua sede de vingança. Já seu irmão Radu, de personalidade mais fraca, foi totalmente cativado pelos turcos, tornando-se um aliado em potencial de Murad II.
O pai de Drácula, faleceu em 1447, vítima de uma emboscada por John Hunyadi. O irmão de Drácula, Mircea, foi cegado com ferro em brasa e queimado vivo. Esses dois fatos também fortificaram a sede de vingança de Drácula que fugiu da corte turca em 1448 e após uma tentativa frustrada de tomar o trono Valáquio, fugiu para a Moldávia, governada pelo príncipe Bogdan, cujo filho, Estevão, era primo de Drácula.
Ali, Drácula ficou exilado até 1451, até Bogdan ser brutalmente assassinado. Sendo assim, Vlad, sem alternativas, apresentou-se a João Hunyadi, na Transilvânia. Por interesses políticos mútuos, Drácula e Hunyad se aproximaram de modo que Hunyad foi o último tutor de Drácula. Com ele, Drácula aprendeu muito sobre estratégia antiturca, pois participou de muitas campanhas contra os turcos em regiões que hoje conhecemos por Iugoslávia.
Outra cidade ligada ao nome de Drácula, é Brasov (Kronstadt para os alemães). Dizem que foi em suas colunas que as vítimas de Vlad eram empaladas e deixadas morrerem e apodrecerem ao sol.
Conta-se que em uma destas colinas, Drácula jantou e tomou vinho entre seus cadáveres. Há também uma narrativa russa que fala de um boiardo, que veio para uma festa em Brasov e não aguentando o cheiro do sangue coagulado, fechou suas narinas com os dedos, num gesto de repulsa. Drácula mandou que fosse trazida uma estaca e a exibiu ao visitante dizendo: "Fica ali, bem afastado, onde o mau cheiro não vai incomodar-te". E mandou empalar o boiardo.
É difícil estabelecer estatísticas sobre aquela época, mas segundo relatos alemães, parece que em um de seus saques, quando matou um de seus rivais e empalou TODOS os habitantes da cidade de Amlas, Drácula matou cerca de vinte mil pessoas, entre mulheres, homens, crianças. Isso significa que morreram mais pessoas do que na conhecida NOITE DE SÃO BARTOLOMEU em Paris, um século mais tarde, quando Catarina de Medicis ordenou o massacre dos protestantes na festa de casamento de sua filha Margot com Henrique de Navarra.
Porém, no folclore romeno, Drácula não é considerado totalmente um vilão, ao contrário das tradições alemãs, turcas e algumas russas. Na Valáquia, Vlad é homenageado em baladas populares e lendas camponesas, principalmente nos vilarejos das montanhas que cercam o próprio castelo de Drácula, região onde ele é mais lembrado. Apesar das distorções que ocorrem pelo passar do tempo e a transliteração dos fatos, Vlad é realmente parte importante na reconstrução do passado. Os camponeses se orgulhavam dos feitos militares de Drácula, não importando os métodos por ele utilizados para tanto. O fato dele ter lutado para expulsar os "não-cristãos" parecem aliviar sua culpa pelos empalamentos dos compatriotas.